15 de janeiro de 2009

A arte de escrever..





















Dois a dois, escrevemos aquilo que nos chega à ponta da caneta, passando do mais profundo do nosso pensamento para tudo depender de uma mão. Sentimos complicidade no escrever, como se de um simples olhar se tratasse e, ao completar aquela frase que parecia ter um sentido, sinto que consigo completar algo mais dentro de mim. É como se o 'eu', aquele que se esconde e se liberta em poemas, se conseguisse reinventar quando não estou sozinha no mundo da escrita. O mesmo acontece quando leio alguns autores; faz-me reinventar o que já foi pensado e por isso concordo quando dizem que o leitor é o último escritor de um livro, porque sem a sua perspectiva nunca ficará completa a obra. António Lobo Antunes, na entrevista que pus aqui em video, diz que o livro também deveria ter o nome do leitor, se isso fosse possivel é claro, pois sem o leitor, tudo fica incompleto. Isto não só se aplica ao mundo das letras e da expressão escrita, mas também a nós próprios: sem o outro não nos conseguimos completar, sem Deus somos vazios de sentido e objectivos; todas as metas que impomos parecem não ter um propósito quando não estão direccionadas a Ele e, por isso, nós sem Deus seremos sempre incompletos.As amizades são também uma constante busca de encontrarmos pequenos momentos que nos completem, não recebendo, mas dando-nos também. Só o facto de nos sorrirem depois de fazermos uma boa acção, completa-nos profundamente naquele momento. O facto de sabermos que mesmo que ninguém nos sorria, Deus sorri-nos sempre perante as boas acções, completa-nos ainda mais, porque sentimos verdadeiramente valorizados os nossos esforços por sermos cada vez melhores.Termos sempre uma mão amiga é optimo, mas ser aquele que dá a mão é melhor ainda, pois os poemas não se escrevem sozinhos e conseguir dar a mão para ajudar o outro a acabar o seu poema é o melhor de uma amizade.